Colômbia: vivi um estilo de vida que nunca havia experimentado

Meu nome é Yuri Barreto e voltei da Colômbia onde estava realizando meu intercâmbio voluntário através da AIESEC em Fortaleza.

Minha experiência na Colômbia
Minha experiência na Colômbia

A decisão

Até o dia 1° de novembro de 2014 eu estava me programando para fazer um intercâmbio profissional na Índia, quando fui selecionado para ser diretor de marketing da AIESEC em Fortaleza. Eu tive que tomar uma decisão difícil e rápida: escolher um intercâmbio de curta duração para poder assumir a gestão do comitê local em Fortaleza.

Eu sabia que com um intercâmbio profissional eu receberia um salário e poderia me manter. Porém, essa mudança repentina fez com que eu fizesse meu intercâmbio com pouco dinheiro. Teria de escolher um projeto muito bom, em um país que tivesse ao mesmo tempo uma quebra de estereótipos e com um custo de vida barato.

A cidade escolhida foi Medellín, na Colômbia. Ela era bem aquilo que eu procurava. Costumo dizer que eu gastei pouco em todo meu intercâmbio (R$3.780,00) e ainda voltei com 10 reais e 8 mil pesos Colombianos (10 reais convertendo para o real) no bolso (incluindo minhas passagens). Foi suficiente para conhecer 5 cidades diferentes, passear bastante, ficar muito bem em relação a gastos e praticar esportes radicais.

A cidade e as pessoas

Seria meu primeiro voo internacional e sairia de São Paulo. E logo na fila de embarque já deu para perceber como seria incrível e feito por pessoas: conheci dois Brasileiros que estavam indo para a mesma cidade que eu (também pela AIESEC) e um Paisa (assim chamados pelos nativos de Medellín as pessoas que nascem lá) que morava no Brasil e estava voltando para visitar a família. Eles já me contaram um pouco, em várias conversas divertidas durante todo o voo e conexões, algumas coisas que eu encontraria, incluindo as pessoas maravilhosas de lá.

Pela janela do avião já via muitas casas, prédios e muito verde sobre as várias montanhas. Uma mistura de emoções tomava conta de mim para saber o que eu viveria e o que encontraria dali para frente. Sebastián, o Paisa, que eu havia conhecido na fila do check-in, estava certo. Logo ao chegar já tinham algumas pessoas da AIESEC UPB me aguardando no aeroporto, com um sorrisão no rosto e falando várias coisas que eu não compreendia, pois eu não sabia falar nada de espanhol (com exceção de gracias).

Ao sair do aeroporto, mesmo distante, já dava para ver as várias montanhas e uma cidade que para mim era estranha: pessoas, clima, geografia e a incrível mistura de uma cidade grande, com pequena e moderna, mas ao mesmo tempo a cara dos anos 90, que até hoje não consigo explicar.

Dividi um táxi bem apertado com duas pessoas da AIESEC e mais um intercambista para ir a minha nova casa, que não fazia ideia de onde ficava (região do estádio).

Médellin: uma cidade grande, pequena e moderna, mas ao mesmo tempo a cara dos anos 90
Médellin: uma cidade grande, pequena e moderna, mas ao mesmo tempo a cara dos anos 90

Ao andar pela cidade percebia um clima tranquilo para um final de semana, comparado a minha. Muito verde, não tinha tantas pessoas nas ruas e muitos comércios fechados. Cheguei pela manhã e fui passear. Encontrei uma espécie de padaria na Carrera 70 com a Calle 45 (as ruas são numeradas, é bem mais fácil de andar) e já vi várias coisas que nunca havia comido ou visto antes: boñuelos (se parece com bolinho de chuva), frango assado com mel e uma batata bem diferente (e bastante salgada, por sinal) para comer na rua usando luvas, arepa (uma massa feita de milho) e suco de lulu (tem um gosto que lembra um pouco o da carambola).

Durante a caminhada percebia o quanto a cidade era colorida: nas casas, nas árvores, nos prédios, nas ruas, os carros principalmente e até as roupas das pessoas chamavam bastante atenção pelas cores bem extravagantes e calças rasgadas. A conclusão que tive disso foi que as cores e luzes (bastante presente em todos os lugares) faziam com que a cidade parecesse sempre em festa com alguma coisa, que as pessoas estavam felizes o tempo todo e que todos eram simpáticos. Isso acabou se concretizando durante todo o meu intercâmbio.

Ao chegar em casa me deparei com uma Colombiana que estava ajudando a ajeitar as coisas e eu, muito cansado, ainda saí para comprar coisas básicas para minha estadia no país, e mais uma vez fui ajudado por mais um Colombiano. Um povo que sempre foi bastante hospitaleiro e prestativo.

Experiência multicultural

A primeira parte do meu intercâmbio vivi em uma casa somente com intercambistas e um Colombiano que, coincidentemente, morou em Fortaleza por um ano e aprendeu bastantes gírias da minha cidade natal. Morei com um Holandês, um Americano, uma Tcheca, Mexicanos e Brasileiros.

No meu primeiro dia, eu fui acordado por uma Tcheca que me surpreendeu bastante. Foi a minha primeira quebra de estereótipos de achar que seria uma pessoa “fria”, quando na verdade ela foi super calorosa e amiga. E foi assim durante todo meu intercâmbio. Essa quebra e esses choques constantes que me fizeram aprender e crescer como pessoa todos os dias.

A cidade em si era muito bonita e sempre cercada de verde e felicidade, porém o que eu escutava bastante das outras pessoas, da mídia e até das coisas que eu tinha conhecimento sobre Medellín, circulava muito entre a violência da década de 90, as FARC, o narcotráfico, Pablo Escobar e o futebol. Um mundo muito limitado e desconhecido, que sabia que não era disso que a Colômbia era feita. Mas as informações que eu tive acesso antes de viajar foram muito limitadas, principalmente, porque eu quis ser surpreendido com o que eu iria encontrar.

E foi uma experiência incrível: aprendi a dançar salsa, um pouco de batchata também (não aprendi a escrever isso), aprendi a fazer comidas diferentes, comi coisas diferentes, vivi um estilo de vida que nunca havia experimentado, misturado com muitas emoções e cidades diferentes que conheci como, por exemplo: Guatapé. Essa cidade, de todas, foi uma das mais bonitas, singela e colorida.

Diversidade multicultural
Diversidade multicultural

La piedra – El peñol – Guatapé

A Colômbia é repleta de lugares incríveis e lindos, muitos lugares interessantes para se conhecer, cultura riquíssima e moderníssima, principalmente Medellín.

O projeto

Eu trabalhei em uma biblioteca de Medellín chamada Belén. Era uma das maiores da cidade e, originalmente, eu trabalharia com programações culturais dentro da biblioteca e apresentações para crianças e comunidade.

Ao iniciar meu projeto percebi que poderia ajudar com muitas outras coisas: ajudar nos projetos da própria biblioteca e na construção de agendas culturais e projetos com a comunidade. Além disso, pude ensinar forró para jovens mulheres que sofreram algum tipo de violência.

"Cheguei ao fim dessa experiência sendo muito mais humano."
“Cheguei ao fim dessa experiência sendo muito mais humano.”

Todo meu intercâmbio foi repleto de muita aprendizagem e muito conhecimento pessoal. Eu tive bastante dificuldade com uma dessas jovens, pois ela tinha medo de tocar em mim por eu ser homem. Durante todos os dias eu tive que ensinar os passos do cavalheiro para uma outra jovem ensiná-la. Mas eu não quis que ela deixasse de aprender e interagir também. E um dos maiores presentes foi no meu último dia de intercâmbio, essa jovem que tinha medo de tocar em mim me pediu para eu dançar com ela, além de ter me presenteado juntamente com as outras alunas com coisas típicas da Colômbia.

Foi um momento muito marcante do meu intercâmbio e que me mostrou o quão impactante ele pode ser nas nossas vidas e nas de outras pessoas que passam por essa experiência conosco, sejam intercambistas de outros países ou pessoas da cidade.

Cheguei ao fim dessa experiência sendo muito mais humano. Alguém que aprendeu bastante coisa sobre si mesmo, sobre soluções em que tive que “me virar” para resolver e ter uma mente muito mais aberta para o mundo e para os problemas que ele tem.

Por Yuri Barreto

Yuri Barreto foi selecionado para ser diretor de marketing da AIESEC em Fortaleza no final de 2014 quando decidiu viver essa experiência. Formado em administração, tem 24 anos e é professor de empreendedorismo em uma escola da cidade de Fortaleza. Já participou de alguns projetos na cidade de empreendedorismo com ONGs e fundações, além de ter sido presidente da ADM Soluções, empresa júnior de consultoria e pesquisa de mercado da Universidade Estadual do Ceará.

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2 Comentários

  1. Karla Maria de Souza Lima

    Oi Yuri, meu nome é Karla, li sobre sua experiência na Colômbia e gostei mto de ouvir um brasileiro falar de lá com tanta satisfação e segurança, digo isso pq minha filha pretende fazer o intercâmbio no final do ano pra lá, e como mãe fico preocupada por isso me sinto mais tranquila com seu depoimento. Ela estuda em Viçosa(MG), e faz parte da AIESEC de lá. Um grande abraço.

    • Olá Karla,

      Tudo bem?

      Bacana ver seu comentário por aqui. Tenho certeza de que sua filha terá uma ótima experiência e acredito que o relato do Yuri vem justamente para ajudar a todos que de alguma maneira estão em dúvida ou inseguros.

      Qualquer dúvida envie um email ou deixe um comentário.

      Abraços.

      Juliana Mostardeiro
      Fundadora Aqui é Assim

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