México e Argentina: dois países, duas experiências inesquecíveis

Oi, gente! Meu nome é Amanda Amorim e voltei, de dois intercâmbios, que realizei no México e na Argentina pela AIESEC Cuiabá.

Amanda em sua experiência em Chihuahua no México
Amanda em sua experiência em Chihuahua no México

Para contar um pouquinho das minhas experiências, vou primeiro falar para onde fui e quais foram os contextos da época. Bem, meu primeiro intercâmbio foi realizado na cidade de Chihuahua (sim, igual o nome do cachorro), no México e na época eu mal conhecia a AIESEC. Cheguei no escritório da organização com uma amiga e duas semanas depois estávamos dentro do avião rumo à algo totalmente novo. Na época eu cursava o terceiro semestre de Psicologia e enfrentava uma das maiores greves que a UFMT passou nos últimos anos; aproveitei a oportunidade para fazer algo diferente e que eu nunca havia feito antes: fazer um intercâmbio.

na minha segunda empreitada, no ano de 2016, tive a oportunidade de ir para Mendoza, na Argentina e, dessa vez, sozinha. Nessa viagem eu já era membro da AIESEC e, por isso, escolhi o destino que pudesse me tirar totalmente da minha zona de conforto; estava, de fato, procurando uma experiência que me fizesse desenvolver pessoal e profissionalmente. Consegui!

Muitas pessoas me perguntam: e qual foi o melhor intercâmbio?

E essa é uma pergunta que ainda não tenho respostas. Cada vez que me perguntam eu consigo achar uma característica e uma lembrança nova que me fazem dizer que as experiências não tem comparação.

A primeira experiência: Chihuahua, México

Bem, quando fui para o México, mal me conhecia. Tinha 18 anos e estava aproveitando uma oportunidade única que eu tive e o sentimento era de, realmente, se jogar na experiência. Fui com uma amiga que já havia feito intercâmbio para estudar inglês; enquanto eu mal havia saído do Brasil, meu inglês era o que eu tinha de experiências com filmes, séries, etc., e meu espanhol, basicamente, era saber o nome dos dias da semana (só os nomes) e números, e só.

Amanda com a amiga em seu primeiro intercâmbio no México
Amanda com a amiga em seu primeiro intercâmbio no México

Nosso projeto social se chamava Social Start Up, ele era dividido em três partes: nós trabalharíamos 2 semana ensinando a cultura brasileira para crianças de uma escola pública, depois 2 semanas trabalhando em um abrigo para cães e gatos abandonados e depois disso mais 2 semanas ensinando a cultura do Brasil para crianças com distrofia muscular.

Chegando lá a escola logo entrou em férias e trabalhamos só 1 semana com elas, permanecendo assim 3 semanas com os animais. O maior desafio na primeira parte do projeto foi a comunicação, porque nem eu, nem minha amiga sabíamos falar espanhol; a sorte foi que encontramos outro brasileiro, de Fortaleza, no mesmo projeto e que sabia falar a língua e ele foi nossa salvação.

Ensinando a cultura brasileira para crianças de uma escola pública
Ensinando a cultura brasileira para crianças de uma escola pública

Na segunda parte, para mim, o maior desafio foi o de encarar o odor das fezes dos animais, sempre tive muita dificuldade em lidar com isso e ao chegar num local com 96 cachorros, a dificuldade foi enorme. Passei mal nos primeiros minutos que pisamos no local e estava decidida a pedir para me trocarem de projeto, pois eu não daria conta de realizar o trabalho ali. Mas meus amigos (estava mais uma vez com minha amiga e o outro brasileiro, o que nos fez muito amigos) me convenceram a permanecer, justamente pelo desafio e assim o fiz, permaneci as 3 semanas no abrigo.

Após esse projeto eu tomei a decisão de ter um cachorro, já me sentia preparada para cuidar de um animalzinho e até limpar o cocô dele, que era minha maior dificuldade. O nome dele é Chile (que significa pimenta, em espanhol, em homenagem ao grande volume de pimentas que comi no intercâmbio, rs) e é minha maior paixão hoje, tudo graças a essa experiência.

Trabalhando em um abrigo para cães e gatos abandonados
Trabalhando em um abrigo para cães e gatos abandonados

Após essa fase, passei por uma parte, também bem desafiadora, que era lidar com crianças com distrofia muscular. Nunca havia lidado com esse tipo de deficiência, principalmente em crianças. Mas acredito que foi uma das fases que eu mais pude aprender, porque as crianças me ensinaram muito em como ser benevolente e agir com empatia (e não compaixão, que é o sentimento que as vezes temos pelas pessoas doentes).

Ensinando a cultura do Brasil para crianças com distrofia muscular
Ensinando a cultura do Brasil para crianças com distrofia muscular

Hoje, dois anos depois, ainda mantenho contato com muitos amigos que pude fazer em Chihuahua, amigos até do Egito que também faziam seu intercâmbio lá e tive a oportunidade de fazer amizade. Tenho muita vontade de voltar para a cidade para rever os amigos, minha host (uma senhora que se tornou uma grande amiga, quase uma mãe) e a cidade em geral. A cultura mexicana é incrivelmente rica, linda, colorida e picante. A comida é incrível. As bebidas são incríveis. E, sobretudo, as pessoas são maravilhosas!

Em resumo, sou uma eterna apaixonada pelo México, sua cultura, pelo povo mexicano e meu intercâmbio serviu para abrir minha mente e minha visão de mundo.

Amigos para sempre
Amigos para sempre

A segunda experiência: Mendoza, Argentina

Minha segunda experiência de trabalho voluntário no exterior foi em Mendoza. Após minha maravilhosa experiência de intercâmbio, resolvi trabalhar na AIESEC como membro e em 2016 iniciei minha jornada. Logo em maio daquele ano resolvi embarcar no meu segundo intercâmbio, mas dessa vez com um novo olhar: queria escolher apenas pelo projeto que mais fosse minha cara, única exigência era que fosse na América Latina, mas sem destino definido.

Após dias de busca achei o projeto que eu procurava: Educarte. Ele consistia em trabalhar com crianças em situação de vulnerabilidade social e pedia pessoas com backgrounds da Psicologia. Perfeito para o que eu procurava. Porém, eis que surge o primeiro desafio: a cidade estaria entrando no inverno quando eu fosse e ela fica ao lado da Cordilheira do Andes, ou seja, muito frio e… eu não suporto frio. Mas, foi no desafio que eu vi a oportunidade que eu esperava: de me colocar em uma situação totalmente fora da minha zona de conforto e tentar me desenvolver a partir disso.

A Cordilheira do Andes
A Cordilheira do Andes

Durante o projeto, conheci mais duas brasileiras e, dessa vez, não haviam outros intercambistas, fomos só nós três durante 5 semanas. Isso fez com que criássemos muita conexão com as famílias assistidas da ONG e, talvez, tenha sido essa a grande diferença do meu primeiro intercâmbio. Eu fiquei responsável por trabalhar com as crianças um pouco maiores, que tinham, aproximadamente, de 8 à 12 anos.

Demorei algumas semanas até definir qual rumo eu tomaria para lidar da melhor maneira com aquelas pessoinhas, mas consegui. Depois de muito conversar com as crianças, descobri que elas gostavam de fazer origami, mas meu talento para isso era quase nulo. No entanto, busquei de várias formas aprender e elas me ensinaram muito! Literalmente. Ao pesquisar um pouco fiquei sabendo sobre a existência dos Tsurus, que é um origami feito no Japão que significa paz, prosperidade e tem uma linda história por trás: uma menininha foi afetada pelas toxinas da bomba que acometeu Hiroshima e, anos após, desenvolveu uma doença que terminaria com sua vida. Mesmo hospitalizada, ela e alguns amigos começaram a fazer dobraduras do Tsuru com a intenção de chegar à mil origamis feitos. A lenda dizia que toda pessoa que conseguisse fazer 1000 tsurus, teria um desejo realizado, e o desejo daquela menina era muito claro: alcançar a paz mundial, pois por conta da guerra é que ela estava perdendo sua vida.

Através dessa linda história, pude ensinar às crianças um pouco do que é se ter esperança num futuro melhor e, com a intenção de chegar aos 1000 tsurus, levei-os a pensar: qual seu maior sonho? Crianças que antes não haviam perspectiva alguma de futuro, agora podiam começar a pensar e alimentar esse pensamento. Foi muito gratificante ver que eles se empenhavam a cada dia e que queriam muito cumprir com o que nos propomos, levavam papeis para suas casas e lá esqueciam dos problemas que os rodeava, simplesmente, fazendo dobraduras.

As crianças do Projeto Educarte e a linda história do Tsurus: o origami da paz
As crianças do Projeto Educarte e a linda história do Tsurus: o origami da paz

Apesar de todo o frio que eu passei (que não foi pouco), de todo meu desafio com a adaptação ao clima e a cultura da cidade (que a noção de higiene não era a mesma que a minha e tinha a famosa siesta, que consiste em dormir entre as 13h e as 17h e só reabrir o comércio após isso), posso dizer que alcancei o que quis quando me propus a fazer meu segundo intercâmbio. Estava disposta à me desafiar e me conhecer melhor e foi, justamente, o que aconteceu. A conexão que pude ter com aquelas crianças e suas famílias, é o que me faz querer voltar para aquela cidade (no verão, é claro).

O frio Argentino e todos os desafios que esta experiência me proporcionou
O frio Argentino e todos os desafios que esta experiência me proporcionou

Tive a oportunidade de viver duas experiências riquíssimas e que me ajudaram a construir quem eu sou/estou hoje. Sei que o aprendizado é constante e já me preparo para o meu 3º intercâmbio social com a mente totalmente aberta e ansiosa para saber quais serão os aprendizados que tirarei dessa vivência. Ainda estou sem destino, mas já possuo data e MUITA vontade de trabalhar para a mudança do nosso mundo, através do melhor jeito: viajando e fazendo trabalho voluntário.

Por Amanda Amorim

Amanda Amorim mora em Cuiabá, tem 21 anos e já fez dois intercâmbios pela AIESEC Brasil. É graduanda em Psicologia pela Universidade Federal de Mato Grosso e já se prepara para a sua 3ª experiência internacional.

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