Isla Taboga, localizada a 1 hora de barco da cidade
Isla Taboga, localizada a 1 hora de barco da cidade

Panamá: uma nação acolhedora

Hola! Meu nome é Felipe Gomes Ribeiro e TÔ AQUI na Cidade do Panamá, Panamá, realizando meu intercâmbio social através da AIESEC RECIFE.

Praia de Vera cruz, primeira praia do pacífico que conheci
Praia de Vera cruz, primeira praia do pacífico que conheci

A chegada no país

Finalmente depois de muita ansiedade na manhã do dia 16/02/2015 cheguei, na tão sonhada por mim, Cidade do Panamá. Sai de Recife na tarde do dia 15 e cheguei no Rio de Janeiro na noite do mesmo dia. Escolhi fazer esse trajeto, pois como comprei as passagens com pouco tempo de antecedência, acabou saindo mais barato.

Posso falar que a primeira impressão do Panamá foi incrível! Pessoas atenciosas, um aeroporto grande, com uma boa estrutura, e um Duty Free imenso e barato para quem gosta de comprar. Era uma segunda de Carnaval e, como de costume, aqui as pessoas vão para cidades menores; então a pessoa responsável por mim não estava na cidade, mas mandou outra, que me esperava assim que passei pelo portão de desembarque segurando uma placa com meu nome, junto ao Romeno que havia desembarcado alguns minutos antes.

Desde já, ao contrário do que muitos pensam, foi uma oportunidade de começar a praticar meu Inglês. Nos levaram então para a Trainee House, onde estou vivendo hoje com mais duas Brasileiras, o Romeno, uma Argentina, e um Colombiano. Havia também uma Guatemalteca e mais 4 Chilenos, e daí saiu um dos primeiros e grandes aprendizados do meu intercâmbio, aprender a dizer adeus e ver o quão importante algumas pessoas podem ser, mesmo estando tão pouco tempo ao seu lado.

Cinta Costera, um dos principais ponto turísticos onde se concentra o centro financeiro do país
Cinta Costera, um dos principais ponto turísticos onde se concentra o centro financeiro do país

O país

Poucos sabem, mas o Panamá é um país rico comparado a realidade dos demais países na América Central, e detentor de uma Orla incrível, conhecida como Cinta Costera, onde estão os maiores prédios da América Latina e também o imponente centro financeiro frequentado por grandes empresas. E tudo isso é devido ao conhecido Canal do Panamá e sua posição geograficamente estratégica, que criou um grande ambiente de oportunidades, onde é possível ver gente de várias nacionalidades pelo país como Colombianos, Chineses, Venezuelanos, e muitos Muçulmanos. Todos vivendo em harmonia!

Bahia do Panamá, navios esperando para atravessar o Canal
Bahia do Panamá, navios esperando para atravessar o Canal

Quanto ao custo de vida, é um país relativamente barato, e algumas coisas são muito baratas se comparadas ao Brasil como, por exemplo, passagem de ônibus a 0,25, metrô 0,35 e os táxis que custam em média de 2 a 4 dólares. Sim, a moeda corrente no país é o dólar, mas em teoria é a Balboa, mesmo que ela só exista em moeda e acabe se misturando ao dólar. No começo é estranho, mas depois você se acostuma.

A noite do Panamá é incrível, os prédios ficam iluminados, e para quem gosta de viver a vida noturna tem festas incríveis e baratas, como as que acontecem no Hard Rock Hotel e no Casco Viejo, a cidade histórica, sempre com muitos estrangeiros, onde em alguns bares a língua mais falada até creio que seja o inglês.

Sobre o trânsito, é uma das únicas coisas que tenho medo. Não se vê muitos acidentes, mas os Panamenhos dirigem de uma forma meio louca e brusca; são pouquíssimas as motos na rua, e 80% dos carros são asiáticos, pois segundo a crença eles funcionam melhor nesse calor. Aqui no Panamá também disseram que há quase tantos carros quanto há pessoas, haha, e eu não duvido, pois não se vê pessoas nas calçadas, devido ao calor intenso, e algumas avenidas praticamente nem calçada tem. O clima é de quente para insuportável e o tempo não costuma mudar, faz calor todo o dia, e muito. Aqui na Trainee House sempre esperamos dar uma 17 horas para sairmos.

O povo, a língua e a cultura

O Povo Panamenho é bem diferente fisicamente, baixos e com traços indígenas fortes. É um povo simpático e acolhedor principalmente quando recebem você na casa deles, sempre tratando bem e buscando dar o melhor. A parte engraçada é que trabalhando eles são totalmente ao contrário, e chega a ser meio estranho para quem não está acostumado. Eu brincava falando que parecia que não recebiam para trabalhar ou algo assim; nos fast foods então, sempre sofria, porque as vezes não entendia algo ou alguma palavra e pedia para que repetissem e continuavam com a mesma cara, mas é questão de tempo para se habituar.

Daí vem outra coisa, a língua. Achava que falavam espanhol, mas depois de um tempo percebi que era panamenho e não espanhol. Eles tem um dicionário muito rico, com milhares de palavras e muito distintas dos outros países da América do Sul, e um sotaque muito familiar, que depois que você se acostuma com o espanhol é fácil perceber, principalmente nas mulheres, mas o porquê, eu não sei. Sobre a cultura, é incrível, e o que mai me chamou atenção foram as Kunas, mulheres dos índios que se vestem de uma forma muito tradicional e que se pode ver por todas as partes da cidade (nas ruas, nos Malls, nos bares). Acho isso muito legal.

O Panamenho
O Panamenho

Sobre a comida, acho que foi onde senti um choque cultural um pouco maior, apesar de não ter sido tão grande. Eles comem muito arroz, e um pouco de feijão também, mas principalmente pollo ou frango no Brasil, só que em uma quantidade demasiada, em todas as refeições, e praticamente só isso, acompanhado de um pouco de arroz. A carne de boi aqui é meio cara, e esse deve ser um dos motivos para comerem tanto pollo. O café da manhã é meio aterrorizante, principalmente, para quem está acostumado com coisas saudáveis. Todo dia é dia de patacones, um tipo de banana frita em rodelas, chorizo, algo como uma linguiça frita, e pollo também frito, enfim, tudo frito e nada de frutas ou algo assim.

Sobre a nação

Uma das coisas que pude notar e que foi comum a todos os meus amigos que estão fazendo intercâmbio aqui é que realmente pude entender o conceito da palavra Nação na prática. Eles têm muito orgulho de onde vivem e do que puderam conquistar com tanto esforço, e isso é expressado com bandeiras em todos os lugares, principalmente, na maioria dos carros, nos vidros, nas praças, nos monumentos; sempre representando homens levantando-a e um respeito muito grande com a mesma. Conheci uma Brasileira que mora aqui há 6 anos e ela me falou que eles tem um estatuto que é levado muito a sério. Assinar uma bandeira aqui ou colocá-la numa estampa de sandália, por exemplo, seria grotesco.

Vivo em um bairro tradicional aqui, e há uma delegacia no caminho que passo todos os dias para pegar o ônibus, e na frente dela tem uma bandeira que é hasteada todos os dias pela manhã e a primeira coisa que me disseram foi que se eu tivesse passando no momento do hasteio, deveria parar em sinal de respeito, pois senão arrumaria confusão.

Nas ruas é possível ver milhares de pessoas com a camisa da seleção, pois aqui é uma forma de expressar seu orgulho. No Brasil pensaríamos no porque usar, afinal não se ganha nada. Tão orgulhosos mas também muito capazes de dividir, e daí surgiu o título desse texto, como já comentei é possível ver pessoas de todos os lugares do mundo vivendo e trabalhando aqui, todos respeitam-se mutuamente, suas culturas, crenças, religião, de onde quer que seja, se amas o país serás acolhido.

A única parte negativa, como em tudo, é que existem alguns extremistas que cultuam uma xenofobia, que pode ser vista em pichações, principalmente por Colombianos que migraram em busca de uma qualidade de vida melhor, por ser um país de oportunidades. Mas os Colombianos traziam também drogas, e hoje não se é possível ir a Colômbia por terra, só por mar ou ar,  além de receberem um tratamento diferenciado.

Ponte das Américas, principal ligação entre os dois continentes e também entrada/saída do canal
Ponte das Américas, principal ligação entre os dois continentes e também entrada/saída do canal

O projeto

Essa é uma das partes mais legais para mim e foi o primeira coisa que me chamou atenção para realizar meu intercâmbio aqui. Trabalho em uma ONG chamada Goodwill Panamá – Asociacion Panamena de Industrias Buena Voluntad. A Goodwill Industries é uma associação internacional, criada nos EUA, hoje presente em vários estados do pais, e a mais de 40 anos foi tomada a decisão de abrir uma sede aqui no Panamá.

Goodwill Panamá, a ONG que trabalho, localizada em um distrito chamado Los Andes
Goodwill Panamá, a ONG que trabalho, localizada em um distrito chamado Los Andes

A ONG busca criar um mercado profissional justo e competitivo para todas as pessoas, deficientes mentais, físicos e pessoas de baixa renda, oferecendo cursos muito baratos como, por exemplo, os de informática para que possam se capacitar; e as oficinas como o programa de bolsas, no qual a pessoa com deficiência recebe uma bolsa para ajudar a família, e capacitação prática em uma das oficinas de empacotamento, que simula um ambiente de indústria, beleza, costura ou limpeza. Assim, durante um determinado tempo ela desenvolve as habilidades práticas necessárias para aquele trabalho, bem como os valores e os bons hábitos de trabalho como pontualidade, profissionalismo e respeito. Aliado a isso, também há uma capacitação laboral para que possa aprender a se portar em uma entrevista de emprego e afins.

Depois de preparado a ONG Realiza a ponte entre as empresas e os candidatos através do programa de Alianza com el comercio y la industria, para que assim possam ter um emprego e continuar suas vidas, recebendo as mesmas oportunidades que os demais na sociedade. Entra então meu trabalho, sou responsável por ajudar a desenvolver o programa, para que o mesmo atinja mais empresas e contrate mais pessoas. Isso é feito através de um melhoramento interno dos processos, onde busco passar minha visão e melhorá-los, e do trabalho com marketing, com matérias de publicidade on-line e física para ajudar a promover e dar sempre mais credibilidade.

Trabalho de segunda à sexta, das 8h às 14h. Graças a isso pude ter uma rotina realmente de trabalho; acordar cedo, pegar meu ônibus, metrô, sair pro almoço, voltar, e realmente sentir como é viver em outro país, mas viver de verdade. Trabalhar com essas pessoas me deu também uma visão ainda maior de mundo, e do quanto as pessoas são capazes, independente de sua limitação. Pude desenvolver também a língua de uma forma intensa, afinal tratava sempre com documentos e materiais em espanhol.

A AIESEC Local

A primeira impressão, que tive, ainda no Brasil foi muito boa. A Ana que fez minha entrevista foi super atenciosa e responsável, e me confiou um projeto incrível como relatei. Como disse, no primeiro dia que cheguei fui recebido e me deixaram aqui na Trainee House onde vivo até então. No primeiro dia de trabalho o Gabriel, Diretor da área responsável por receber os intercambistas dos programas sociais, me levou até a ONG para que eu pudesse aprender a me locomover na cidade.

Infelizmente, o escritório daqui, um dos três, parece meio imaturo profissionalmente, pois alguns problemas demoram a se resolver ou não se resolvem, e o que incomoda, principalmente, é a falta de comunicação. Mas nada que pudesse afetar o meu desenvolvimento ou aprendizado.

Por Felipe Gomes Ribeiro

Felipe Gomes Ribeiro é membro da AIESEC desde Abril de 2014, ocupando os cargos de Coordenador de intercâmbios Sociais para estudantes em 2014.2 e Embaixador desenvolvimento de Negócios também em 2014.2. É graduando em Bacharelado em Administração pela Universidade Federal de Pernambuco.

Sobre Ju Mostardeiro

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