Fim de tarde em Ciudad Bolivar as margens do Rio Orinoco | Aqui é Assim
Fim de tarde em Ciudad Bolivar as margens do Rio Orinoco

Ciudad Bolívar e a beleza da Casa do Anjo

Depois de conhecer a savana Venezuelana era hora de adentrar mais a fundo na floresta e no país, o destino: Ciudad Bolívar. Ali encontraria o Parque Nacional de Canaima e a possibilidade de conhecer Salto Angel, sim possibilidade, pois a trilha leva dois dias e depende da quantidade de água dos rios. Sair de Santa Helena não é fácil, não existe outra opção a não ser ônibus velhos e sem horário fixo com saída, por volta do meio dia, e chegada já na madrugada do novo dia.

Ponte Angostura em Ciudad Bolivar
Ponte Angostura em Ciudad Bolivar

Em Ciudad Bolívar me deparei com algo que algumas pessoas já tinham me dito: uma cidade seca, envelhecida, suja e com ares de uma Havana em pequena escala. Ali não se veem turistas; nas ruas as pessoas ganham a vida como podem, e a falta de trabalho registrado é crônica no país. A campanha eleitoral seguia em todas as ruas e ali também dividia as pessoas, que tinham em Chaves uma figura paterna que lhes havia tirado das garras de uma ditadura. O seu sucessor Maduro, que nem de longe tem o carisma de Chaves, com sua política de estatizar empresas levou o país a ficar sem opções e sem investimento externo. A economia depende totalmente do petróleo, do petróleo cru, porque não há refinarias suficientes no país, um pais que importa o combustível, ou seja, um saldo final de: déficit na balança comercial, inflação crescente, violência urbana, um futuro abalado,….

Achar um agência de turismo por lá é impossível, tudo é no jeitinho (conhece isso brasileiro?) e na pousada indicada por outros viajantes o dono é também agente, banco, guia e otras cositas más. Chegar até o Salto parecia impossível, não havia água e nem turistas para fechar passeio algum. Naquele fim de tarde caminhei até a beira do Orinoco e sentei em um restaurante, a tocar bolero, para uma cerveza Polar Venezuelana, a R$ 0,50 a long neck, enquanto o sol se punha no gigante rio e botos saltavam aqui e ali nas águas barrentas. Na volta o dono do hotel me deu a notícia de que era possível um passeio de 3 dias para Canaima, com um sobrevoo ao Salto; claro que me cobrou horrores e eu fingi que não gostei da ideia, mas no fim fechamos um preço justo.

O salto e sua imensa parede rochosa
O salto e sua imensa parede rochosa

No aeroporto da ex-capital, os únicos aviões que voam são teco tecos, a aviação não chega por aquelas bandas, faltam aeronaves e investimento da companhia estatal. Partindo dali são duas horas rumo ao sul. O piloto por muito tempo deixou a aeronave sob seu próprio comando, navegava tranquila pelos ares, mas o mexicano ao meu lado mal se mexia e o melhor ainda estava por vir. A visão de uma gigantesca represa era absoluta até que a água acaba e a floresta chega.

Represa vista do alto
Represa vista do alto

O piloto assumiu o manche e entrou pelo Canal de Tepuys, voamos abaixo deles. Eles nos olham, o avião trepida, o piloto aponta a frente uma imensa parede rochosa amarelada, ali é a casa do anjo; ele passa longe mas faz uma curva rápida e do meu lado começo a ver seus cachos brancos escorrerem pela rocha. O nível de água é baixo mas o avião chega tão próximo que o vidro se enche de pingos e dali ela vira um monstro. A dez metros uma parede de 1 quilometro de rocha, qualquer vento e aquele brinquedo alado iria agraciar os céus com quatro almas voadoras, mas o piloto nem liga, se afasta e faz outra curva e agora a vista é pelo outro lado, pena que o mexicano não soltou um arriba sequer, estava duro como pedra.

A entrada no Reino dos Tepuys
A entrada no Reino dos Tepuys

A chegada a Canaima depois da aventura nos céus é bem vinda, ainda mais por que o lugar é um dos mais lindos que já vi, ali entenderia ainda como vivem os índios, mas este relato fica para o próximo post.

Mesmo pequena, a queda água nesta região é fantástica
Mesmo pequena, a queda água nesta região é fantástica

Por Cristian Ferrari

Cristian Ferrari é fundador da Creative Design, empresa localizada em São Paulo, que tem como missão criar peças de identidade visual que reflitam o espírito da sua empresa. Como fotógrafo realizou sua 1ª exposição em 2008, recebendo diversos prêmios desde então pelo seu trabalho. É formado em Turismo pela Universidade Paulista e Técnico em Comunicação Visual pela ETEC Carlos de Campos.

Sobre Ju Mostardeiro

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