Chegando lá, a primeira parada: Hyderabad
Ufa! Carteirinha certa, embarque liberado, seguimos rumo à Hyderabad – local da primeira festa de casamento. Essa cidade, que faz conexão entre o Norte e Sul do país, é conhecida como “A Cidade das Pérolas”, e também apresenta uma crescente área de Indústria de Pesquisa e Desenvolvimento, sediando o HITEC City, tido como o “Vale do Silício” Indiano.
Depois de 18 horas de voo, com escala em Dubai, chegamos em solo indiano. Saindo do aeroporto, os seus jardins cuidados e coloridos logo se mesclam ao caos da cidade. Não tem como não ficar chocado com o trânsito e a sujeira. A primeira impressão, portanto, é de impacto. Do aeroporto, fomos direto para o hotel, correndo para pegar a primeira cerimônia – um almoço oferecido pelos pais da noiva.
A cerimônia foi muito bonita. Os noivos receberam os cumprimentos no terraço do hotel, ao som de cítara, seguido de um delicioso Buffet de comidas típicas – vegetariano, em respeito à religião hindu da família da noiva. Ali mesmo, enquanto recebíamos informações sobre os pratos e diferentes temperos, já tivemos a impressão de que cada região na Índia guarda a sua peculiaridade de sabores. Provamos as famosas dosas – panquecas indianas feitas com arroz e urad dal (uma espécie de feijão-da-índia), servida com recheio picante de batatas e verduras, e acompanhada de um chutney ou sambar. Uma delícia!
Após a cerimônia, fizemos um passeio geral por Hyderabad. Paramos em uma loja especializada em pérolas, típicas da cidade, e depois seguimos para o primeiro passeio pela região do Charminar. Este é o ponto mais famoso, um monumento construído no centro da cidade em 1591, contendo 45 salas de oração e uma mesquita.
Como ficamos somente dois dias em Hyderabad, já que o casamento seguia para Calcutá logo em seguida, escolhemos mais um ponto de visita: Golconda Fort. Além de reunir turistas que buscam um pouco da história e uma bela vista da cidade, o forte também serve de ponto de encontro para os Indianos, assim, é muito comum a reunião de pessoas no local rezando e fazendo oferendas.
DICA: ir ao final da tarde, pois não há muita sombra. Há ainda um show noturno contando a história do local, que acabamos perdendo, mas imagino que valha a pena.
À noite fomos em busca de um típico arroz biryani – muito embora cada região possua sua peculiaridade no preparo deste prato – o da região de Hyderabad é muito famoso, então não podíamos deixar de provar. Uma delícia! Simples e apimentado na medida certa.
Segunda parada: Calcutá
Essa segunda parada foi estratégica – para a segunda festa do casamento, na cidade do noivo, e que também foi uma experiência singular. Primeiramente, a noiva entrou no local com um peixe em mãos, em um ritual para dar sorte para a nova vida. Após os cumprimentos ao casal, seguiu-se para um almoço em estilo banquete, no qual a noiva era encarregada de servir os convidados. O prato – em folha de bananeira – dava um estilo bastante exótico para a ocasião, complementado por arroz de jasmim e um peixe delicioso com molho de coco. E surpresa, sem talheres – como acabamos percebendo ser comum em grande parte dos lugares. Então, testamos nossa (falta de) habilidade para comer com as mãos, ou melhor, com a mão direita, como manda a tradição.
Esse seria o primeiro choque frente aos costumes da Índia: lidar com a diferença cultural em um ambiente social. Os convidados que sentaram ao nosso lado foram muito gentis em nos explicar como fazer. Passado o susto inicial, conseguimos curtir a experiência. Um belo início para as tantas diferenças que iríamos presenciar ao longo da viagem.
Fora dos eventos festivos – novamente um excelente buffet de comidas típicas vegetarianas – conseguimos dar uma escapada para ver a cidade. De novo a sensação de caos, especialmente nos arredores do Hotel em que ficamos, onde tinha uma grande feira. Aliás, esse hotel foi um show à parte. The Oberoi Grand, um dos mais antigos da Ásia, situado no coração de Calcutá, é um prédio elegante construído pelos britânicos há mais de 125 anos com uma piscina que é um oásis no meio do calor indiano. De atendimento impecável, comporta dois excelentes restaurantes – o La Terrasse e o Baan Thai. Então, em termos de hospedagem, tivemos uma ótima experiência.
A cidade é agitada, mas não é exatamente uma cidade turística. No entanto, foi interessante andar pela feira nos arredores do hotel – a abordagem mais intensa na tentativa de venda nos surpreendeu desde o começo. Demora um pouco para se acostumar com as pessoas abordando o tempo inteiro – algumas vezes, inclusive puxando pelo braço. No entanto, após essa impressão impactante, consegue-se ver um outro lado da Índia: o das cores por trás dos tecidos, os aromas exalados pelas ruas e a beleza com que as pessoas se vestem.
O grande destaque do passeio por Calcutá foi o Victoria Memorial. Um prédio exuberante ao redor de um parque, construído em 1921, em homenagem à rainha Victoria. A exposição dentro do Memorial deixa muito a desejar, tanto pelas obras, quanto pela falta de estrutura (tivemos que sair do prédio para usar o banheiro – em estado precário), no entanto, a visita vale pelo visual do parque e pela bela arquitetura.
De lá nosso roteiro foi conhecer o chamado Triângulo Dourado, que inclui das cidades de Delhi, Agra e Jaipur.
Por Bibiana Camargo
Bibiana Camargo adora viajar e descobrir novos lugares e sabores. Trabalhou na Câmara dos Deputados em Brasília e atualmente mora em São Paulo, onde trabalha no Tribunal de Contas do Estado de São Paulo. É formada em Relações Internacionais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e graduanda em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.