Quando me preparava para ir a Bolívia muita gente me perguntava se estava indo por que queria e o que iria fazer lá. Bem, depois de um tempo parei de responder e mandava aguardarem para ver as fotos na volta…deu certo. Apesar de ser extremamente pobre na maior parte das cidades, o que se busca nessas viagens é uma interação social, algo diferente que fique para sempre guardado em sua memória.
Hino: Uma paixão Nacional
Em Potosí, uma das cidades mais altas do mundo, caminhando por ruas estreitas me deparei com uma cena surreal, ao virar uma esquina percebi que todos os cidadãos se encontravam paralisados, não só eles mais também os carros, apenas eu caminhava entre aquelas estátuas. Atônito e sem entender a situação me perguntava se havia algo acontecendo, algo catastrófico, foi então que uma música subiu lenta aos meus ouvidos conforme me aproximava da praça central, sem reconhecer do que se tratava (chamamento a guerra talvez?) entrei em uma loja qualquer e esperei em um canto os movimentos voltarem aos corpos nas ruas, então perguntei ao atendente o que significava aquilo? Ele me respondeu “É o hino do nosso país! Quanto é tocado, tudo para.” E me perguntou se era assim no Brasil… não, não era. Curiosa manifestação de patriotismo para um povo que comemora até derrota em guerra, mas isso fica para outro post.
Perdendo a guerra mas não a esportiva.
La Paz, a capital Boliviana, é uma cidade grande e confusa, por isso mesmo depois de alguns dias bate um leve desespero, é hora de partir. Enquanto esperava a saída do ônibus que me levaria até a Cidade de Uyuni para conhecer o Salar, resolvi saborear minha última refeição na cidade. O local ficava dentro do terminal de ônibus e era amplo e quente, havia muita gente, uns comendo, outros assistindo TV com curiosidade. Enquanto não era servido resolvi prestar atenção ao noticiário, era um desfile, com toda polpa e grandiosidade necessárias ao dia, mas… que dia era aquele? Independência? República?
Nenhum dos dois, demorou algum tempo para o letreiro saciar minha curiosidade, era a comemoração ao dia em que a Bolívia perdera a guerra do Pacífico para o Chile e também sua saída para o mar. Estranho? Sim com certeza, claro que a memória dos soldados mortos é relevante, mas convocar o exército para desfilar sobre uma derrota histórica?
Ok, é por essas e outras que este país, vizinho e desconhecido, merece ser descoberto, já que sua principal atração é vista em comerciais de TV mas nunca reconhecida…o Salar do Uyuni. Até o Salar!
Por Cristian Ferrari
Cristian Ferrari é fundador da Creative Design, empresa localizada em São Paulo, que tem como missão criar peças de identidade visual que reflitam o espírito da sua empresa. Como fotógrafo realizou sua 1ª exposição em 2008, recebendo diversos prêmios desde então pelo seu trabalho. É formado em Turismo pela Universidade Paulista e Técnico em Comunicação Visual pela ETEC Carlos de Campos.