Olá, meu nome é Alex Pinheiro e voltei, de Istambul, na Turquia onde eu fiz meu intercâmbio social pela AIESEC Florianópolis.
Descrever em um texto todo a aprendizado que eu tive durante meu intercâmbio voluntário pela AIESEC é talvez um desafio quase tão grande quanto realizar o mesmo. Digo isso pois a experiência que eu vivi morando em Istambul por quase dois meses, dando aulas de inglês e cultura gerais para crianças carentes, foi algo que literalmente transformou minha vida, (tanto minha mentalidade, quanto meu propósito de vida).
Trabalhei como voluntário no programa Magic Steps pela AIESEC Istanbul Asia na Turquia. Foi realmente muito desafiadora toda a experiência, o programa da AIESEC literalmente me tirou da zona de conforto e me fez rever diversos conceitos que tinha a respeito de questões culturais, éticas e profissionais.
Meu primeiro dia dando aula para as crianças foi bem intenso, digo isso tanto em relação às atividades quanto à algumas situações que vivenciei. Logo quando cheguei na escola, descobri que estávamos dando aula para crianças que se inscreveram em um curso de verão de línguas e que elas passariam as férias com a gente (professores voluntários de diversos países).
Durante a primeira aula do curso, a qual passei toda a noite anterior preparando, vi que três crianças estavam um pouco distraídas e comecei a me questionar se o problema era a aula. Após um certo tempo, percebi que elas estavam um pouco pálidas. Ao conversar com as crianças descobri que não tinham tomado café da manhã, pois suas famílias não tinham dinheiro para isso. Naquele momento entendi o significado de “crianças carentes” e de quanto nós poderíamos ter um real impacto na vida deles, como professores e amigos.
Entre aulas de línguas, filmes de animação da Disney e dinâmicas com temas atuais, fui criando uma relação de confiança e amizade com algumas crianças, que acabei “apadrinhando” por afinidade, o que deixou o momento de dizer adeus, após o final do programa, muito mais difícil. Fiquei impressionado e comovido de como elas são inteligentes, sinceras e puras de coração, algo que após certo tempo me fez rever muito sobre meus conceitos pessoais (sim, foram as pessoas que mais me ensinaram durante meu intercâmbio).
Também tive o prazer de aprender muito sobre outras culturas além da Turquia e de viver o choque cultural tendo contato com outros intercambistas voluntários do meu projeto, que se tornaram grandes amigos após essa experiência. Eles vinham todos os países que você pode imaginar: Palestina, Ucrânia, China, Marrocos, Tunísia, Turquia, Egito, Cazaquistão, Rússia, Espanha, Grécia, Alemanha, Quênia, Geórgia e Irã.
Mas nada disso seria possível se eu não tivesse tido um suporte tão bom da AIESEC de Florianópolis no Brasil, quanto da AIESEC Istanbul Asia na Turquia. Na verdade quando me inscrevi no programa não fazia ideia de quão bem organizado seria o projeto e o quão bem acompanhado eu seria. Hoje olhando para trás, vejo quanta dedicação e quanto as pessoas que trabalham lá enxergam o propósito do trabalho voluntário e que, de fato, nós podemos mudar o mundo. Quando eu falo isso não estou sendo um sonhador ou sendo exagerado, pois me refiro que podemos mudar o mundo de muitas pessoas através desses projetos e isso para mim já é fazer a diferença.
Morar em Istambul foi um experiência totalmente diferente, entre mesquitas e ruínas da antiga Constantinopla, você podia ver também uma cidade antiga que está se modernizando e que recebe pessoas do mundo inteiro. É uma cidade que você enxerga logo de cara o contraste entre o novo e o antigo, mas que com certeza faz questão de manter suas tradições e culturas.
Istambul está situada em um país que é dividido entre a cultura Europeia e Asiática, ou seja, inglês era um idioma que eu, praticamente, não escutava nas ruas, fato que me fez aprender um pouco de turco para poder falar com as pessoas no comércio em geral. Depois de algum tempo isso me fez aprender mais sobre a cultura do país e com que as pessoas lá começaram a me olhar de uma forma diferente a partir do momento em que eu tentava falar na língua local, por mais que eu não falasse direito. Essa foi uma das minhas grandes lições no intercâmbio:
“Mostre interesse sobre a cultura do país que você está morando, que as pessoas irão te respeitar por tentar entender a cultura deles.”
Por Alex Pinheiro
Alex Pinheiro da Silva tem 24 anos e nasceu na cidade de São Paulo. Hoje mora em Florianópolis onde estuda Engenharia de Alimentos na Universidade Federal de Santa Catarina e trabalha na TNS Nanotecnologia. Antes de realizar o programa de intercâmbio voluntário pela AIESEC, estava morando e estudando na França pelo programa BRAFAGRI.