Olá, meu nome é Paulo Feitosa e voltei, de Bucaramanga, na Colômbia onde eu fiz meu intercâmbio social pela AIESEC Maceió.
“Colômbia, o país que me escolheu.” Brinco com essa frase, mas é verdade. No dia em que eu fechei meu intercâmbio, eu não tinha saído de casa pensando que faria isso. Planejava fazer isso um dia, mas estava longe dessa ideia sair do papel; até que durante uma reunião do trabalho, surgiu a pergunta “por que você não faz seu intercambio, Paulo?” e na hora eu respondi “por que não? Eu vou!”
Abrimos o sistema, começamos a buscar oportunidades que se encaixassem com o meu perfil e eu me interessei por dois projetos em marketing: um na Argentina e outro na Colômbia. Depois disso, o pessoal da Colômbia nos respondeu e foi questão de minutos para que eu ficasse totalmente imerso na ideia de que iria conhecer e viver nesse país em poucos meses.
Do dia em que decidi fazer meu intercâmbio até subir no avião para viver essa aventura, foram 10 meses de preparação, ansiedade e uma euforia que não cabia em mim. Eu tinha muitas expectativas, pois era minha primeira vez em outro país, sozinho e falando um idioma que eu só tive contato na escola. Assim que cheguei na sala de desembarque do aeroporto de Bogotá, por todos os lados tinha uma frase que no fim do meu intercâmbio fez total sentido: Colômbia é realismo mágico.
Bogotá
Fazia um frio que eu nunca tinha sentido antes. Mesmo assim, a única vontade que eu tinha, mesmo cansado de toda a viagem, era descobrir logo Bogotá. Eu tinha poucos dias nessa cidade, não era meu destino final, mas era o começo de tudo.
Fiquei hospedado em um hostel próximo ao centro histórico, de onde eu podia ver o prédio mais alto e icônico do país, o Copatria. Lá conheci um Sueco que foi “meu guia” durante esses dois dias, me ajudando no espanhol, mostrando as atrações próximas de onde estávamos hospedados e dando dicas da cidade. Era incrível andar pela cidade e ver o contraste de um lugar super tecnológico e algumas quadras depois uma parte histórica de deixar qualquer um extasiado.
Bucaramanga
Uma cidadezinha no norte da Colômbia, que você pode sentir calor só de escutar o nome. Foi minha casa por pouco mais de dois meses e lá conheci o que esse país tem de melhor: sua gente. Fiquei hospedado na casa de um “nortenho”, o Andres; e até hoje, quase dois anos depois, nos falamos sempre. Ele se tornou um irmão para mim.
Na minha primeira noite em sua casa, eu comentei que não tinha compreendido muita coisa do que as pessoas de Bogotá falavam e em Bucaramanga, eu conseguia entender tudo. Foi aqui que vi o quanto a Colômbia era rica em tantos aspectos e o meu host fazia questão de me apresentar e me fazer rir tudo. Ele me mostrou vídeos e foi fácil perceber os tantos sotaques desse país, o que me lembrou o Brasil, onde cada região tem o seu sotaque característico.
A comida é um capítulo à parte e não tinha um dia em que eu não provasse algo novo. Não tenho dúvidas de que foi nesse país que aprendi a comer muito. Em todas as refeições era servida uma sopa. No início, eu ficava satisfeito só com isso, mas logo tive que me acostumar com o fato de que era somente a entrada; e só consegui comer uma bandeja paisa quando já estava quase no fim do meu intercâmbio. Não é à toa que esse prato recebe o nome de “bandeja”: o prato leva 15 ingredientes, incluindo feijão, linguiça, torresmo, ovo frito, abacate, plátano e arepa de milho. É por isso que falo que a porção colombiana é para os muito famintos. O prato é gigante.
Medellín
Se ainda tinha dúvidas de que eu queria voltar para esse país em outra oportunidade, Medellín me fez tirar todas elas. A cidade impressiona a todo momento e o que mais me chamou atenção foi a sua mobilidade da cidade e o quanto é fácil ir de um lado para o outro, seja de ônibus, metrô ou teleférico.
É verdade que a cidade é bastante turística, seja pelos museus ou por suas obras arquitetônicas, mas eu não pensaria duas vezes se surgisse a oportunidade de viver por lá. Os paisas (pessoas de Medellín) são muito simpáticos, muito receptivos e te ajudam a todo momento. Planejei mal ao ficar poucos dias nessa cidade, mas acredito que tudo tem um porquê e acredito que a razão disso é que para que eu volte lá.
Muitas pessoas conhecem Medellín por ser a cidade de Pablo Escobar, inclusive existem passeios para conhecer e ver sua história, mas confesso que fugi disso, porque acredito que é um ponto muito delicado para os colombianos e até conversar com eles sobre o assunto traz um pouco de resistência.
A Colômbia nada tem que a ver com violência, cartéis de drogas ou guerrilhas, é um país privilegiado e muito mais que isso, um país cheio de cidades que são verdadeiros cenários, repletos de cores e de sorrisos largos por onde você passa. Enfim, meu coração é paisa, Medellín tem tantas coisas, tantas histórias e tantos lugares bonitos que eu não queria ver o tempo passar nessa cidade.
Voltei desse intercâmbio uma outra pessoa, muito mais aberto ao mundo e tolerante. Quase dois anos depois não consigo mensurar o quanto a Colômbia foi importante para o meu desenvolvimento pessoal e o quanto mudou minha forma de pensar. Colômbia virou minha segunda casa e se eu voltasse mil vezes para esse país, sei que mil vezes aprenderia e me encantaria de novo.
Por Paulo Feitosa
Paulo Feitosa realizou intercâmbio social pela AIESEC em Bucaramanga, na Colômbia, em janeiro de 2017. Ele é formado em Publicidade & Propaganda e atualmente é Diretor Nacional de Marketing da AIESEC no Peru.