Olá! Meu nome é Carolina Araújo e voltei no início de 2012 de Craiova, na Romênia, onde realizei meu intercâmbio social através da AIESEC em Goiânia.
Eu sempre tive fascinação por assuntos internacionais, logo, realizar um intercâmbio sempre foi um sonho. Ainda, fui criada tendo muita consciência social e quando descobri no que consistia, vi que aquilo era mesmo para mim.
Eu sabia que eu queria ir para o leste europeu, em especial para as badaladas Budapeste ou Praga, mas eis que me aparece uma oportunidade diferente, com um destino bastante inusitado: a Romênia. “O que eu sei desse país?”, eu pensava. Sabia das histórias de vampiros e das ginastas famosas, mas era tudo muito superficial, e resolvi encarar a descoberta de um novo mundo como um desafio.
Chegando Lá
Claro que fui de avião, e fiquei bem ansiosa por estar cruzando um oceano pela primeira vez na vida. Peguei um voo bem na véspera de Natal, por ser mais barato, e foi uma experiência bem interessante cear com vários estranhos em um voo! Chegando na capital Bucareste, peguei um trem até Craiova.
Eu tinha muito medo de como seria a minha recepção, afinal é um país pouco conhecido para os lados de cá, mas felizmente eu me surpreendi. Os romenos tem origem latina, então são tão calorosos quanto os brasileiros e extremamente atenciosos. Mesmo com a barreira inicial da língua, que lembra ao mesmo tempo francês e línguas anglo-saxãs, não houve ninguém que não parasse para me socorrer, desde para me ajudar a escolher um chip para o meu celular até para carregar a minha mala gigantesca na estação de trem.
Minhas primeiras impressões sobre a cidade é que era realmente tudo bem diferente do que eu já havia visto. Era inverno e logo começou a nevar. Os prédios não eram muito altos e eram bem padronizados, herança do regime comunista. O trânsito não fazia muito sentido para mim, mas não importava tanto, já que eu estava disposta a caminhar e conhecer o que eu pudesse.
Foi assim que eu conheci o Parque Nicolae Romanescu, o maior parque do país. Era lindamente triste, com as árvores secas e o lago congelado. Imagino como deve ser no verão!
Trabalhando com pré-adolescentes
Eu trabalhei em um projeto chamado Youth Academy que era desenvolvido em 07 escolas da rede pública, que se propunha a entregar workshop sobre interculturalidade, tolerância cultural e outras questões na área. Apesar de ter sido tudo bem tranquilo e de todo mundo nos ter recebido muito bem, os assuntos eram um tanto delicados, considerando que a Romênia é um país que sofre bastante com embates culturais devido à forte presença de ciganos, os romani, que vivem praticamente à margem da sociedade.
Eu trabalhava com mais três intercambistas (Brasil, Rússia e Indonésia), e além de trabalharmos na construção e entrega do projeto, ainda morávamos juntas, o que tornava a experiência cultural muito intensa. As aulas eram dadas em inglês, mas foi uma ótima oportunidade de ensinar português e aprender romeno. Digo que foi um desafio principalmente porque eu nunca soube se eu saberia realmente lidar com pré-adolescentes de 13 a 15 anos, que não eram tão novos, mas ainda não eram propriamente maduros. No final, acabei percebendo que eu tenho não só um certo talento, mas um enorme prazer em lidar com essa faixa etária, talvez por ter sido uma fase tão marcante da minha vida.
Uma das maiores saudades que eu trago do meu intercâmbio são os meus alunos. Eles me acolheram, me cativaram, se abriram para o que eu tinha a ensinar, mas ao mesmo tempo me ensinaram demais. Eram extremamente amáveis e calorosos (novamente, a latinidade romena), e sempre me levavam comidas típicas gostosas de rua ou que as suas mães haviam preparado.
O ápice dessa experiência com eles foi no evento de encerramento do projeto em que eles tinham que nos apresentar o que mais tinham gostado de aprender a respeito dos países das intercambistas, e um dos grupos do Brasil construiu uma réplica de um “Bumba Meu Boi”, enquanto outro me levou às lágrimas ao cantar nosso hino nacional.
A AIESEC em Craiova
Eu costumo dizer com a boca cheia que todo escritório da AIESEC deveria olhar para o de Craiova como um exemplo. Além de extremamente meticulosos em suporte básico como pick up na estação, acomodação e alimentação, eles tem um enorme interesse no desenvolvimento do intercambista como cidadão global, consciente e preocupado com os problemas do mundo.
Ofereceram a mim e às minhas companheiras intercambistas vários treinamentos que foram cruciais para a entrega do nosso projeto (Audience Control, PowerPoint Design, Presentation Skills), e que me trouxeram conhecimento que utilizo até os dias de hoje.
Como eu era membro da AIESEC em Goiânia, me interessei bastante em acompanhar a rotina do escritório de lá, e fui recebida de braços abertos! Participei de reuniões gerais, eleições de Diretoria, confraternizações e fui incluída como membro em um dos projetos de intercâmbio, gerenciando a parte de comunicação. Pude ver de perto como aquelas pessoas estavam extremamente preocupadas com o impacto que estavam trazendo para a vida de seus intercambistas e também para a cidade de Craiova, que viveu seu apogeu na época do regime comunista romeno, mas que desde que este chegou ao fim, engatinha rumo aos novos tempos.
Expedição “Conde Drácula”
A experiência toda foi muito surreal, ainda mais considerando que eu tinha meus 20 aninhos e nunca tinha morado sozinha na vida. Tarefas básicas eram um grande desafio no início, como ir ao supermercado, lavar roupa e cozinhar (não tão bem). Confesso que passei a admirar mais ainda a minha mãe! Mas a minha experiência mais marcante e que eu posso considerar como a minha grande aventura foi, com certeza, a minha viagem à Transilvânia.
Eu morava ao sul e a Transilvânia fica no extremo norte, fronteira com a Hungria, então eu de cara tive que atravessar o país, o maior do Leste Europeu, de trem. Nevava muito, a ponto de meus pais estarem ouvindo notícias no jornal e me ligando no Skype preocupados, mas eu pensei comigo que essa era a minha única grande chance de conhecer algo muito incrível, então encarei o desafio, e valeu o esforço!
A Transilvânia inspira história e cultura. Visitei cidades mais cosmopolitas como Cluj-Napoca, mais históricas como Brasov e inclusive a única cidade de cultura alemã do país, Sibiu. Mas claro, as visitas mais legais foram aos castelos! Fui à casa da família real que é extremamente luxuosa e cujo primeiro soberano se chamava Carol I (minhas amigas riram muito do fato) e fui ao Castelo de Bran, o famoso Castelo do Drácula.
Ele não é especialmente bonito, mas todo o ambiente criado em torno da lenda é bem legal e turístico. Existe uma feirinha à beira do Castelo com vários produtos caseiros como queijos e mel, além de alguns souvenirs para levar para os amigos.
Fizemos toda a viagem em uma semana, pulando de hostel em hostel (sempre muito bem recebidos) e conhecendo muita gente interessante, inclusive o nosso guia Ivan, que arranhava um inglês meio estranho, mas esbanjava simpatia.
O único “perrengue” que passamos foi no nosso retorno à Craiova, quando, devido ao péssimo tempo, a estação de trem foi fechada. Bateu um desesperozinho de cara, mas logo fomos socorridas por um policial bem atencioso que nos escoltou até a estação de ônibus, que tinha uma linha para Bucareste. Embarcamos e de lá fomos de trem para casa.
De volta para casa e para a vida real
Foram dois meses de Romênia, bem intensos e longe de qualquer preocupação da vida no Brasil, logo, foi bem difícil voltar. De cara, a mudança climática foi um tanto brusca, já que eu saí dos -20ºC europeus aos 35ºC goianos.
Mas o ponto mais difícil foi realmente me readaptar à minha rotina de estudante. Na época eu ainda estava no 3º ano da graduação e tive que voltar muito rápido às aulas, em questão de dias. Eu estava acostumada a dar aulas e não a assisti-las. Ficar parada, passiva, para mim ficou bem complicado.
Talvez por isso eu tenha retornado tão engajada no meu escritório local da AIESEC. Depois de viver a melhor experiência da minha vida, eu tinha que agir e conseguir proporcionar a mais jovens algo tão incrível ou ainda melhor!
Por Carolina Araújo
Carolina Araújo foi selecionada para trabalhar como Diretora de Relações Públicas pela AIESEC no Brasil para a gestão 2015.2016. Entrou na AIESEC em Goiânia em 2011, quando fez o seu primeiro intercâmbio social ao final do ano para a Romênia. Foi Diretora de Gestão de Talentos no ano de 2012 e Presidente no ano de 2014, ao final do termo realizou um outro intercâmbio social para a Argentina. Sempre se engajou em causas sociais e trabalho voluntário. É bacharel em Direito pela Universidade Federal de Goiás.
Olá, gostei muito do seu relato! você poderia dizer quanto gastou mais ou menos lá e com passagem?
Olá Monique,
Tudo bem?
Vou conversar com a Carolina, autora do post para levantar estas informações para você.
Abraços.
Juliana Mostardeiro
Fundadora Aqui é Assim
Olá,
Estou indo à Craiova em dezembrode 2017 fazer um intercambio da Universidade, e gostaria de informações que pudessem me ajudar,sobre o deslocamento do aeroporto internacional de Bucareste até a estação de embarque de trem que vai a Craiova.
Obrigada
Olá Victtoria,
Tudo bem?
Espero que nosso post tenha te ajudado 🙂
O aeroporto de Bucareste fica a 18 km da capital Romena. O deslocamento para o centro da cidade por ser feito de diversas formas. Compartilho com você o link do site do próprio aeroporto para que possa escolher a melhor opção para o seu caso: táxi, transfer, bus, train 🙂 http://www.bucharestairports.ro/en/transport
Abraços.
Juliana Mostardeiro
Founder at Aqui é Assim