Neste carnaval o nosso objetivo era conhecer o Uruguai, mas por conta da pandemia e do fechamento das fronteiras, mudamos os planos e decidimos explorar um destino nacional. Queríamos algum lugar no Brasil que fosse possível viajar de carro e foi então que optamos pela bela Serra Catarinense.
Neste post do Aqui é Assim vou contar como foi a nossa experiência de 3 dias em Urubici, na Serra Catarinense, o chalé maravilhoso em que ficamos, nossas aventuras pelas Serra do Corvo Branco e Serra do Rio do Rastro, além dos passeios em mirantes, parques e cafés; e é claro a nossa descida de 600 metros de tirolesa no Cânion do Xaxim.
Como tudo começou?
Com a decisão de conhecer a Serra Catarinense, começamos a pesquisar por hospedagens na região no dia 17/01. Queríamos algo bacana, com opção de jacuzzi para relaxar, no estilo de chalé ou pousada; pois o nosso objetivo era o de subir a serra, conhecer a Serra do Rio do Rastro e ficar 2 dias inteiros relaxando em algum lugar.
Mal sabíamos a quantidade de aventuras que estes dias iriam nos proporcionar 🙂
Inacreditavelmente, mesmo com quase um mês de antecedência para o carnaval, não haviam mais opções para as datas que procurávamos. Acabamos reservando um motel em Lages, que depois cancelamos, pois uma amiga recomendou procurarmos opções através do Airbnb.
Iniciamos a pesquisa no Airbnb no dia 23/01, colocando filtros para a data desejada, de 13 a 15/02, comodidades, instalações e com opção de cancelamento gratuito. Depois de algumas horas pesquisando encontramos um chalé em Urubici, na Pousada Recanto do Lobo, dentro das nossas especificações e por um preço muito bacana. Reservamos!
A viagem à Serra Catarinense
Na quarta-feira, dia 10, enviei uma mensagem através do Airbnb para a pousada para confirmar alguns detalhes do chalé e da região antes da nossa viagem.
A nossa host demorou um pouquinho para me responder no Airbnb e me adicionar no whatsapp, mas foi super solicita assim que o fez. A Chaiene, que logo viraria Chai, informou que eu não precisava me preocupar com nada, que o Chalé era completo e que iria alterar a descrição do Airbnb onde informava que o mesmo não possuía cozinha; e me deixou tranquila em relação a proximidade com supermercados e padarias; já que estávamos levando alimentos para preparar às nossas próprias refeições e poderíamos precisar de algo.
Naquele momento, a Chai perguntou se não gostaríamos de ir na sexta ao invés de sábado e ofereceu um preço super especial para anteciparmos a nossa estadia. Ficamos super tentados com a oferta, porém só conseguiríamos viajar na sexta à noite e como estava chovendo muito em Floripa e região, tínhamos medo de subir a serra com estas condições. Avisamos a Chai que iríamos pensar e avisar ela na sexta à tarde, pois precisávamos arrumar várias coisas e cumprir com a agenda de trabalho antes de pegar a estrada.
Na quinta à noite, depois do treino, passamos no mercado para comprar alguns itens e arrumamos o máximo de coisas que conseguimos para tentarmos viajar na sexta. No dia da viagem, monitoramos o tempo e com tudo pronto às 17h30 entramos no carro rumo a Serra Catarinense.
Esta foi uma das poucas viagens em que não fiz um grande planejamento. Como mencionei, meu único objetivo era conhecer a Serra do Rio do Rastro, e talvez por este motivo estes dias tenham sido tão únicos.
Dica: eu gosto muito de usar o TripAdvisor para organizar os pontos turísticos de cada local que planejo visitar e para Urubici, fiz uma pesquisa rápida, para ver algumas possibilidades além da Serra do Rio do Rastro; caso quiséssemos explorar a região. Outra dica é organizar os custos da viagem em uma planilha para evitar surpresas.
Pegamos trânsito intenso na saída de Florianópolis, o que nos atrasou um pouco; e muita neblina com picos de chuva ao subir a serra. Ficamos apreensivos com a baixa visibilidade e assustados quando vimos um capotamento em umas das curvas sinuosas da estrada. Ninguém se feriu e isto foi um alívio. Seguimos …
Nosso objetivo era o de subir a serra e já conhecer a Serra do Rio do Rastro, mas como decidimos ir na sexta à tardinha, escolhemos o trecho mais curto, pela BR 282. Este caminho leva, aproximadamente, 2h30, mas como pegamos tráfego na rodovia e condições climáticas desafiadoras, após 3h30 de viagem, chegamos no centro de Urubici.
Paramos em um mercado para comprar pão para o café da manhã e mais alguns itens que havíamos esquecido como sal e óleo, antes de irmos para o chalé. No caminho para a pousada, chegamos no endereço fornecido, mas não encontramos a mesma e como não havia sinal de telefone e internet, tivemos que voltar 10 km, enviar mensagem para nossa host e pedir ajuda. O Ale (Alexandre), esposo da Chai, foi um amor, nos buscando na entrada da rua que dá acesso ao local. Estávamos salvos.
Em poucos minutos, estávamos enfim entrando no chalé, que seria a nossa casinha por 3 dias. Não via a hora! Cansada e morrendo de fome, eu queria apenas duas coisas: um bom banho e uma boa refeição.
Que SUPRESA MARAVILHOSAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA!
As fotos do chalé no Airbnb não conseguem transmitir a graça da casa. Super aconchegante, linda e com tudo o que você precisa para relaxar. O chalé é um mimo. Surpreendeu muito.
Tudo muito limpo, arrumado e com um mensagem de boas-vindas do casal. AMAMOS E RECOMENDAMOS MUITO!
Descarregamos o carro, tomamos uma boa ducha, preparamos a banheira de hidromassagem e uma tábua de frios para brindar com champagne, disponível na casa por R$ 35,00.
Hora de curtir!
Primeira noite no chalé Com direiro a champagne e tudo!
Dormimos tarde e levantamos quase meio dia. Além de passear, também queríamos descansar e relaxar. Pedimos algumas dicas de passeios para nossa host Chai. Ela nos informou que a Serra do Rio do Rastro estava interditada em alguns horários e que precisávamos checar antes de irmos até lá; e avisou que precisávamos de autorização para o parque que dá acesso à Pedra Furada devido a Covid. Além disso, a Chai recomendou explorar a Serra do Corvo Branco em um dia de sol, visitar o Parque do Avencal, ver o pôr do sol no mirante do Morro Campestre e conhecer a Cascata Véu de Noiva.
Pesquisamos na internet e verificamos que a visita a Serra do Rio do Rastro estava liberada nos finais de semana, bem como que não havia mais disponibilidade para conhecer a Pedra Furada até terça, passeio que ficou para a próxima viagem a Urubici. Fizemos um pequeno planejamento dos lugares e decidimos então visitar a Serra do Corvo Branco no sábado e a Serra do Rio do Rastro no domingo, ficando para segunda-feira os demais lugares.
Serra do Corvo Branco
Tomamos um café bem reforçado e às 14h já estávamos na estrada. O dia começou lindo, mas o tempo foi fechando e acabamos pegando chuva no caminho.
Café da manhã antes do passeio Café na varanda
O acesso à Serra do Corvo Branco foi difícil. Percorremos um longo trecho de estrada de chão batido e no meio do caminho nos deparamos com reparos na via. Ficamos parados cerca de 30 minutos, enquanto duas máquinas faziam o trabalho de esmagar e nivelar as pedras até que fosse possível passar novamente. Com o volume de chuvas no mês de fevereiro, é bem provável que o caminho tenha virado lama, dificultando a passagem.
Alguns motoristas estavam bem impacientes, buzinando, pressionando; e nesta altura do campeonato, o Victor queria dar meia volta, mas eu não deixei. Afinal eu não estava com pressa 😉
Inclusive, até os maquinistas estavam estressados e um deles nos dizia para passar por cima das pedras de qualquer jeito. Sinalizamos que não iríamos e, com um pouco de paciência, a estrada foi nivelada e a passagem reconstruída. Mas o trecho mais sinuoso estava por vir, com curvas íngremes e sinuosas. A chuva dificultava ainda mais, com muita água descendo pela estrada. Depois de quase 1 hora chegamos no início da descida da Serra do Corvo Branco. Que alívio! Mas, mal sabíamos a tensão que estava por vir.
A vista é de tirar o fôlego. Seus paredões rochosos e enormes revelam a imponência da serra e os perigos das suas curvas. Esta serra possui o maior corte de rocha do Brasil, com aproximadamente, 90 metros de altura. Situada na BR-370, entre os municípios de Urubici e Grão-Pará, foi a primeira estrada a ligar a serra ao litoral. Com uma extensão de 4,2 km, a Serra do Corvo Branco é conhecida por suas curvas acentuadas que exigem atenção redobrada dos motoristas. As suas curvas são tão íngremes, que podem chegar a 180º.
Algumas fotos para registrar esta viagem maravilhosa e então decidimos descer. Sendo muito sincera, eu não fazia a mínima ideia de que havia uma descida perigosa, de que iríamos viver este tipo de aventura. Eu jurava que a Serra do Corvo Branco eram apenas os famosos paredões rochosos que se viam nas fotos.
Quase me arrependi. Fiquei com muito medo, muito medo de seguir com o plano de descer a serra. A primeira curva é tão íngreme, tão íngreme, que dá a sensação de que o carro vai despencar. Para completar, começou a chover, o que aumentou o nosso medo. Esta serra é considerada muito perigosa, devido a frequência de desmoronamentos no local. As primeiras curvas deixam você com o coração na boca. Descemos com muita cautela, com muito cuidado e, após 17 minutos, estávamos no pé da serra. Ufa!
A vista é sensacional. É difícil traduzir em palavras todas as sensações desta experiência. Observar a imponência da mãe natureza e se arriscar entre seus caminhos é uma aventura que não tem igual.
Os famosos paredões rochosos da Serra do Corvo Branco As sinuosas curvas da Serra do Corvo Branco Pé da Serra Vista do Parque Altos do Corvo Branco
A volta foi bem mais tranquila, mas estávamos com medo da chuva, da estrada escorregadia, e do carro derrapar e não dar conta das curvas íngremes. Porém, nosso carro subiu bem e em 14 minutos estávamos de volta ao topo.
Parque Altos do Corvo Branco
Empolgados com a aventura, cheios de adrenalina no corpo com o que havíamos vivido, decidimos na hora explorar o Parque Altos do Corvo Branco. O acesso custa R$ 20,00 por pessoa e no parque é possível explorar a vista de 5 mirantes. O primeiro deles mostra a Serra do Corvo Branco, o segundo o início do Cânion Espraiado, o terceiro o Vale do Rio Canoas, o quarto o Campo dos Padres e do quinto é possível avistar a montanha da Pirâmide e o Litoral Sul Catarinense. Vale muito a pena!
Serra do Corvo Branco vista do alto Cânion Espraiado ao fundo Eu e o Victor no Parque Altos do Corvo Branco A neblina encobrindo a vista do litoral sul catarinense
Dica: vá com uma roupa confortável. Recomendo calça, blusa, casaco e tênis. Leve chinelos extras. Nós não fomos devidamente preparados, pois não sabíamos do parque. Fiquei com um pouco de frio no local e como fui de saia, voltei levemente embarrada nas pernas. Nada demais! Sorte ter levado chinelo e tênis.
Como o dia estava quente e chuvoso, não foi possível ter visibilidade em todos os mirantes. Ao chegar no quarto e quinto, por volta das 16h, fomos encobertos por uma densa neblina. Ficamos, literalmente, dentro das nuvens, o que também foi incrível; mas não conseguimos ver a montanha em forma de pirâmide, bem como o Litoral Sul Catarinense.
Voltamos extasiados e famintos. Já eram quase 18h. A única coisa que queríamos naquele momento era uma xícara quente de café, um bom lanche e o conforto do nosso chalé.
No caminho e volta paramos na Avencal Chocolates e compramos algumas unidades para experimentar o chocolate da região. Uma delícia! Com R$ 50,00 é possível comprar mais de 15 unidades 🙂
Chegamos ao centro da cidade à procura de cafés. Chovia forte no momento. Percorremos a avenida principal algumas vezes até encontrarmos um café e conseguirmos estacionar. Escolhemos um menos movimentado e fizemos o nosso brunch (almoço + lunch). Antes de voltarmos para o chalé passamos ainda em um supermercado.
Em “casa”, tomamos uma ducha, colocamos fogo na lareira e preparamos a banheira de hidromassagem para relaxar. Depois de algumas horas descansando, preparamos algo para comer e pouco depois dormimos, afinal na manhã seguinte o nosso destino seria a famosa Serra do Rio do Rastro, uma das mais belas da Serra Catarinense.
Por Juliana Paul Mostardeiro
Juliana Paul Mostardeiro é a fundadora do Aqui é Assim, esse website que junta a paixão por viajar com a vontade de aproximar as pessoas deste fantástico mundo que é o de colocar uma mochila nas costas e sair por aí. Atualmente mora em Florianópolis onde trabalha também como Customer Success Coordinator na RD Station. Desenvolveu o projeto Jornalismo Cidadão: o voluntariado no aprendizado com à AIDS com pacientes do Hospital Universitário de Santa Maria nos anos de 2007 e 2008 e foi gerente das Lojas Riachuelo de 2010 à 2013, ingressando na empresa através do Programa de Trainees. É formada em Jornalismo pela Universidade Federal de Santa Maria e especialista em Gestão de Pessoas pela Universidade Anhanguera.