Grécia: a experiência de intercâmbio que me transformou

Olá, meu nome é Gabriela Favaron e voltei, de Atenas, na Grécia onde eu fiz meu intercâmbio social pela AIESEC no ABC.

Sempre fui uma pessoa que gosta de explorar novos lugares, comidas e culturas. Desde pequena viajo com a minha família pelo Brasil descobrindo as grandes regionalidades e as diferenças que temos no nosso país. Em 2012, tive a oportunidade de viajar pelo Ciência Sem Fronteiras para o Canadá, sendo a minha primeira viagem internacional. Aos 19 anos de idade já sabia que aquele seria o primeiro de muitos países que viriam por aí.

Centro Histórico de Antenas
Centro Histórico de Antenas

A experiência do intercâmbio me transformou e acredito que ela é fundamental para o desenvolvimento profissional mas, principalmente, em relação ao crescimento pessoal; uma oportunidade que todos deveriam ter acesso. E foi por este motivo que decidi, quando retornei do Canadá, que queria mudar a vida de brasileiros propiciando o mesmo desenvolvimento que essa experiência havia me proporcionado. Foi nesse contexto que conheci e me apaixonei pela AIESEC.

A AIESEC é uma organização fundada no pós-segunda guerra mundial e tem como objetivo fundamental a paz mundial e o preenchimento das potencialidades humanas através do desenvolvimento da liderança jovem, propiciada pelo ambiente desafiador dos intercâmbios. E era exatamente isso que estava buscando.

Trabalhei na organização durante 3 anos, sendo em 2016 presidente do escritório local, o que sem dúvidas foi uma das experiências mais desafiadoras e empreendedoras da minha vida. Enviamos muitas pessoas para todos os continentes desenvolvendo projetos voluntários conectados com os objetivos sustentáveis da ONU (Sustainable Development Goals). Após essa grande experiência, decidi me arriscar em mais uma outra aventura: realizar finalmente o Global Entrepreneur (GE) na Grécia.

A AIESEC no ABC, escritório mais próximo da minha universidade, trabalha de modo a auxiliá-lo a encontrar o projeto ideal. O contato do escritório local é constante com o escritório que irá recebê-lo, e ambos se comunicam com você desde o período que antecede a viagem, portanto a comunicação constante é a chave para o intercâmbio funcionar bem. Antes da viagem há uma preparação cultural e o estabelecimento de expectativas para que realmente a experiência possa ser aproveitada da melhor forma.

Ao chegar na cidade, no meu caso Atenas, o escritório local me recebeu com o encontro de alinhamento local com todos os intercambistas do período, além de “lead sessions”, sessões que ocorrem durante todas as 8 semanas e ajudam a entender as fases do projeto e da experiência.

Morei em um alojamento estudantil no centro de Atenas com intercambistas de diversas nacionalidades: México, Índia, China, Ucrânia, entre outros. Viver sob o mesmo teto com tantas culturas por 8 semanas te faz enxergar e entender melhor a cultura destes países, adaptar e também transformar o seu estilo de vida.

Intercambistas :)
Intercambistas 🙂

O GE foi realizado em Atenas, na Grécia, na startup Wifins, provedora de soluções de wi-fi voltados a business intelligence e marketing. Eu e outra indiana, também voluntária pela AIESEC, fomos selecionadas para trabalhar em um novo projeto em digital marketing, o que exigia conhecimentos em Google Analytics e Google Adwords.

Desde o primeiro dia, entendemos que nada seria tão fácil, pois por mais que já tivéssemos tido contato com as ferramentas, estar em um país com uma cultura, língua e modo de vida diferentes, além de um trabalho que não estávamos acostumadas e nem treinadas em nosso país de origem, foi extremamente desafiador.

A empresa e todos os funcionários sempre foram muito solícitos, mesmo quando não sabiam se expressar bem em inglês. O que foi uma boa troca, aprender um pouco de grego e ensinar um pouco de inglês.

Santorini
Santorini

Como foi conhecer a cultura do país?

Muito se estuda sobre a cultura grega nas nossas aulas de história, mas estar e viver na Grécia imerso na cultura e, especialmente, na língua grega, te dá um banho de história antiga e moderna. A Grécia é um país que passou por diversas invasões, guerras e transformações ao longo de sua história, principalmente, no contexto político social, o que influenciou em muito sua cultura. A todo instante você se depara com palavras que remetem às línguas latinas, como por exemplo, “êxodos” (saída) ou cosmos (de beleza, realçar o belo, daí cosméticos). Como estudo no campo das exatas, dar de cara com vários deltas, phis, betas, etc., te faz recordar as milhares de fórmulas e constantes memorizadas, que no começo até te ajudam a guiar um pouco e não se perder para ler as palavras, mas é necessário tomar cuidado para não se atrapalhar depois.

Os gregos têm muito orgulho de suas raízes e sua família, por isso acredito que são muito solícitos com estrangeiros. Eles se assemelham muito com a nossa própria cultura, portanto o choque cultural não é tão grande a princípio. Consegui me expor ao máximo à língua grega e apesar da grande dificuldade em aprender uma nova língua, voltei falando o mínimo e o básico para a sobrevivência por ali, o que era mais do que esperava.

Kalambaka em Meteora
Kalambaka em Meteora

Também consegui explorar Atenas e suas inúmeras ruínas. Viajei para algumas ilhas gregas no inverno, que são extremamente desertas nesta época do ano e também visitei Kalambaka – Meteora, patrimônio mundial da UNESCO. Como viajei durante o período de inverno europeu (Dezembro – Março) a maior parte das atrações são de baixa temporada e há muitos feriados no fim de ano, sendo possível conciliar com o trabalho na startup.

O que você traz de bom da cultura profissional do país?

A Grécia é um país que ainda não se recuperou da crise e a situação político-financeira é instável. O país ainda enfrenta uma grave recessão e a principal economia vem da pesca e do turismo. Contudo, onde muitos veriam uma desvantagem, algumas empresas e principalmente startups veem uma oportunidade de crescimento. De fato as startups estão evoluindo e trazendo uma boa perspectiva para mudar o cenário de desemprego valorizando a própria indústria e tecnologia local.

Mesmo com situações adversas, trabalhar em um ambiente empreendedor me fez enxergar e  desenvolver cada vez mais a capacidade de ser mais criativa e de me reinventar, além da possibilidade de poder testar mais e errar até atingir o objetivo maior.

Meteora
Meteora

O ambiente de uma startup é completamente diferente de uma empresa convencional tradicional. Quase não existe hierarquização ou burocratização, nós conversávamos diretamente com o CEO e o CTO e aprendíamos juntos, de modo a conciliar o nosso conhecimento com as necessidades deles. Nós podíamos nos comunicar facilmente com qualquer membro da empresa e propor algo novo juntos. O ambiente é dinâmico e muitas vezes os recursos são limitados, o que estimula a criatividade e o senso de dono do trabalho.

A própria startup tem o desejo de continuar expandindo para o Brasil e nos ofereceu uma oportunidade para continuar o trabalho a distância com eles, de modo que pudéssemos estreitar a relação entre os países.
Estar em contato com outras ferramentas, que não utilizo no meu dia a dia, me abriu mais oportunidades de expandir meu conhecimento e adequar a engenharia.

Após o retorno ao Brasil percebi que estava mais madura profissionalmente, conhecendo-me melhor, minhas fraquezas e fortalezas, de forma a ter mais coragem e determinação para atingir meus objetivos futuros.

Meteora
Meteora

Por Gabriela Favaron

Gabriela Favaron é formada Bacharel em Ciência e Tecnologia e estuda o último semestre em Engenharia de Energia pela Universidade Federal do ABC – São Paulo. Foi estudante do Ciência sem Fronteiras no Canadá e também Presidente do escritório local da AIESEC no ABC em 2016. Em 2017 realizou seu intercâmbio para Atenas, na Grécia, trabalhando na startup Wifins, onde atualmente trabalha como representante internacional.

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