Rinque de patinação, Budapeste

Hungria: é muito fácil se sentir em casa quando “casa” não é um lugar

Olá, meu nome é Luana Barros e voltei da Hungria, onde estava realizando meu intercâmbio social através da AIESEC Fortaleza.

Meu nome é Luana Barros e voltei da Hungria, onde estava Trilhos de tram atrás do Parlamento Húngaro
Meu nome é Luana Barros e voltei da Hungria, onde estava Trilhos de tram atrás do Parlamento Húngaro

A escolha do projeto e do país

Para ser sincera, a Hungria não estava na lista de países em que eu gostaria de fazer intercâmbio, pelo simples motivo de eu nem lembrar que a Hungria existia. Quando eu pensei em fazer intercâmbio pela AIESEC eu pensei em Polônia, Romênia ou Índia, porque tenho familiares que já fizeram trabalhos sociais nesses países. Comecei então a buscar vagas no sistema e me deparei com a oportunidade de trabalhar diretamente com refugiados de guerra em Bicske, uma cidade pequena no interior da Hungria.

Centro de Bicske, cidade com 11.000 habitantes no interior da Hungria
Centro de Bicske, cidade com 11.000 habitantes no interior da Hungriangria

A priori não imaginei que eu tivesse o necessário para o projeto (que consistia em dar aulas de inglês para adultos de países como Afeganistão, Paquistão, Palestina, Síria, Somália, Sudão, Irã, Iraque e vários outros, além de fazer recreação com as crianças). Depois de pensar muito sobre o projeto, lembrei-me de algo importante: o intercâmbio da AIESEC é algo desafiador. Seria muito zona de conforto se eu fosse para um projeto com crianças carentes, já que trabalho com isso em Fortaleza. Então decidi que o Bicske Refugee Camp era o lugar ideal para desenvolver habilidades que não havia trabalhado suficiente ainda, como inteligência emocional, comunicação efetiva e autoconhecimento.

O trabalho no Bicske Refugee Camp

O trabalho no Campo consistia em dar aulas de inglês para os adultos, acompanhá-los na sala de computadores e fazer recreação com as crianças.

A princípio éramos 6 voluntárias, divididas em três duplas de professoras (duas para inglês básico, duas intermediário e duas avançado). As aulas aconteciam em uma sala de aula dentro do Campo e o número de alunos era bastante variado, desde 6 ou 7 a uma sala cheia com 16 pessoas. Era muito complicado dar aulas de inglês pra eles, porque a maioria dos alunos falava árabe e tinham nível de inglês super básico (tipo “hi, how are you?” e é isso).

Acho que esse foi um dos maiores desafios do meu intercâmbio, porque quando você desenha, mostra objetos, imagens, faz mímica, escreve no quadro negro e ainda assim os alunos não entendem o que você está querendo dizer, você meio que se desespera. Mas eu estava ali pra ensiná-los a falar inglês, então continuava tentando, por mais complicado que fosse. O Google Tradutor nunca foi tão utilizado por mim como naquelas 6 semanas. E quando, no final do dia, eles diziam que sim, haviam entendido o que estávamos tentando falar, era como se tudo estivesse onde deveria. Sentimento de dever cumprido.

“As recompensas”

O intercâmbio da AIESEC é completamente voluntário, mas ainda assim eu posso dizer que recebi muita coisa em troca. Cada uma das pessoas com quem eu me relacionava tentava agradecer o trabalho que eu fazia de alguma forma. Desde aulas de árabe, francês e espanhol até jantares sírios e aulas de dança indiana. A troca de culturas, experiências e conhecimentos foi intensa e é uma das coisas que mais trago do meu tempo na Hungria.

O amor pelo país

Eu posso dizer que me apaixonei genuinamente pela Hungria. Um país organizado, de uma cultura incrível, culinária exótica (e deliciosa), idioma muito complicado e paisagens de tirar o fôlego. Budapeste, a capital, é afogada em história, museus e monumentos. Dividida pelo rio Danúbio em Buda e Peste, sendo Buda um pouco mais residencial e Peste mais jovem, cheia de pubs, universidades e mercados, Budapeste é um destino maravilhoso para qualquer pessoa, de qualquer idade.

Ao final do projeto, eu não queria ter de vir embora. Passagem já comprada para casa e tudo que eu pensava era em quanto eu queria “sem querer” perder o voo. É muito fácil se sentir em casa quando “casa” não é um lugar. A Hungria foi minha casa por dois meses e meu coração ainda está lá.

Acho que só vou superar meu intercâmbio quando fizer outro!

Memento Park – Museu de história Comunista - Budapeste
Memento Park – Museu de história Comunista – Budapeste

Por Luana Barros

Luana Barros é Gestora de Relações Internacionais na AIESEC Fortaleza. Ingressou na organização em julho de 2013, na área de Intercâmbios Profissionais para Empresas. Fez seu intercâmbio em dezembro e voltou ao Brasil em janeiro de 2014 como Gestora de Comunicação Interna de Gestão de Talentos. Trabalhou em Intercâmbios Sociais para Estudantes, foi Presidente do Comitê Organizador do Processo Seletivo para Membros e Gestora Financeira de Intercâmbios Sociais para Organizações. Hoje é também Presidente do Comitê Organizador da próxima conferência local da AIESEC me Fortaleza. É graduanda em nutrição pela Universidade Estadual do Ceará.

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2 Comentários

  1. Elisa Franco

    Muito legal seu post, eu me inscrevi para o intercâmbio voluntário na Hungria sem saber muito sobre como vai ser a experiência. Obrigada por compartilhar.

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